[Crítica] homem com h
- Carlos Vilaça
- 30 de abr.
- 2 min de leitura

Ney Matogrosso sempre foi uma figura muito única na mídia e na cultura brasileira. Sua maquiagem, sua dança, sua música e todo seu jeito de existir nos palcos sempre foram razão de muita curiosidade do público. Quem é essa pessoa por detrás desse “bicho” que se remexe no palco e canta tão lindamente? Homem com H vem mostrar quem é esse homem que sempre se denominou como bicho.
Ney, interpretado por um Jesuíta Barbosa irreconhecível e totalmente imbuído dos trejeitos do cantor, tem sua vida contada desde a infância sob a educação rígida do pai e do olhar compreensivo da mãe (Rômulo Braga e Hermila Guedes, com ótimas interpretações) até os anos em que a AIDS levou Cazuza (André Dale) e Marco di Maria(Bruno Montaleone, uma grata surpresa).
O filme, apesar de bem longo, conta a vida de Ney de maneira sensual e quente tal qual o cantor, com muitas cenas de sexo, amassos, nudez e danças, e de forma ágil, pontuando diversos capítulos importantes de sua trajetória.
Infelizmente essa agilidade acaba atropelando diversos personagens que deixam o espectador na dúvida de quem eram eles e se eram importantes. Uma moça que lhe dá o pontapé inicial na carreira musical passa como um relâmpago, a amiga que apresenta o Cazuza pouco aparece, chega ao ponto da morte de um personagem ser importante mas eu me perguntava: qual o nome dele?
As atuações muito competentes e a recriação da época, junto da recriação e reimaginação dos shows e clipes que Ney Matogrosso ou os Secos e Molhados fizeram, acrescentam camadas de qualidade à película. Uma pena que o final se arrasta, parecendo que o filme não sabia onde colocar o ponto final, com diversas excelentes conclusões em potencial, mas finalizando de uma forma até mesmo anticlimática e, ouso dizer, covarde.
No fim, Homem com H se apresenta como uma excelente biografia de Ney Matogrosso, recriando a época e a sensação do que seria acompanhar essa figura de perto, seus pensamentos e seu comportamento, mesmo que tenha alguns defeitos que não impactam no entretenimento.
Crítica: Lucas Feijão
Nota: 4/5
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