[CRÍTICA] a lenda de ochi
- Carlos Vilaça
- 23 de mai.
- 2 min de leitura

Em uma vila remota na ilha de Carpathia, uma camponesa tímida chamada Yuri é criada com medo de uma espécie animal esquiva conhecida como Ochi. Mas, ao descobrir um bebê Ochi ferido que foi deixado para trás, ela foge em uma jornada para levá-lo de volta ao seu lar.
À primeira vista
À primeira vista, trata-se de um belo filme, com uma fotografia surpreendentemente bonita e uma trilha sonora que acompanha bem o ritmo da introdução, narrada pela protagonista Yuri, vivida por Helena Zengel.
O início pode parecer um pouco apressado, talvez por se passar em um universo desconhecido e novo para o público. No entanto, essa estranheza inicial acaba sendo parte do encanto da obra. Yuri se destaca por sua delicadeza e aparência vibrante, contrastando com os demais personagens mais sombrios. Suas roupas coloridas evidenciam sua personalidade única.
Willem Dafoe interpreta Maxim, uma figura imponente, quase ditatorial, marcada por falas sutis e um toque de fanatismo religioso. Sua presença é realçada pelas roupas escuras, simbolizando uma visão mais pessimista e tradicionalista.
Também conhecemos Petro (Finn Wolfhard), um garoto órfão adotado pelo pai de Yuri — este último, por sua vez, é um personagem neutro e apagado, tanto em expressões quanto em figurino. Ele veste roupas brancas, talvez sugerindo equilíbrio, mas sem muito destaque na narrativa.
Os Ochis são criaturas grandes, uma fusão entre espécies, lembrando vagamente certos tipos de macaco. Durante o início do filme, os habitantes da vila organizam uma caçada para exterminá-los.
No dia seguinte, Yuri retorna à floresta e encontra um filhote de Ochi ferido em uma armadilha. Em uma cena que remete a "Como Treinar o Seu Dragão", ela liberta a criatura e decide cuidar dela. Assim nasce uma amizade improvável, desenvolvida através de sons e comunicação emocional — um vínculo que ganha força conforme a história avança.
Mais à frente, surge Dasha (Emily Watson), mãe de Yuri, que havia abandonado a família. Seu reencontro com a filha traz novas perspectivas e revela a desilusão de alguém que perdeu a esperança em mudanças.
A jornada de Yuri para devolver o pequeno Ochi ao seu lar se intensifica, enquanto Maxim, Petro e seu pai tentam trazê-la de volta — e ao mesmo tempo continuam a caça aos Ochis.
Apesar do bom visual e da criatividade, o ritmo do filme é apressado (possivelmente pela duração de apenas 1h30), o que prejudica o desenvolvimento de personagens e relacionamentos. A única conexão realmente cativante é entre Yuri e o bebê Ochi — mesmo que construída rapidamente, é compreensível, já que o público também tende a se encantar com criaturas fofas.
O destaque técnico vai para o animatrônico do bebê Ochi, uma boa mescla entre efeitos práticos e CGI. Algumas atuações são caricatas, e o personagem de Finn Wolfhard parece perdido em grande parte do tempo.
Inspirado por "Como Treinar o Seu Dragão", o filme entrega uma aventura divertida, ainda que com ressalvas: personagens pouco profundos, relações superficiais, e uma narrativa que não se firma como um grande destaque do cinema em 2025, principalmente pela criatividade e esforço em apresentar algo novo. A principal mensagem do filme talvez seja: nem tudo o que ouvimos ou aprendemos está 100% certo, é preciso olhar de outra perspectiva para compreender melhor os outros.
Crítica: Davi Quelhas
Nota: 3.5/5
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