[Crítica] a mais da preciosas cargas
- Carlos Vilaça
- 17 de abr.
- 2 min de leitura

Dirigido por Michel Hazanavicius, "A Mais das Preciosas Cargas" é um filme que mistura conto de fadas e tragédia histórica, trazendo uma abordagem ousada sobre a Segunda Guerra Mundial. Baseado no livro homônimo de Jean-Claude Grumberg, o longa narra a história de um bebê judeu lançado de um trem a caminho de um campo de extermínio, e salvo por um casal de lenhadores pobres.
O filme surpreende ao adotar um tom quase lúdico para retratar um dos períodos mais sombrios da humanidade. Essa escolha estética, que combina a narração clássica de contos infantis com a dureza da história real, gera uma tensão constante entre a leveza da forma e a gravidade do conteúdo. Hazanavicius, conhecido por seu trabalho em "O Artista", mostra novamente sua habilidade de brincar com gêneros cinematográficos, mas aqui o risco é maior.
Visualmente, o filme é belíssimo. A fotografia aposta em paletas frias e composições quase pictóricas, reforçando a sensação de fábula. A trilha sonora é discreta, mas eficaz, acentuando os momentos de maior carga emocional sem ser invasiva.
A decisão de romantizar aspectos do Holocausto pode causar desconforto, e há quem veja nisso uma maneira inovadora de aproximar o público jovem do tema; outros podem considerar a abordagem desrespeitosa ou simplificadora. A crítica principal que recai sobre o filme é justamente esse risco de suavizar o horror, ainda que o desfecho traga de volta a brutalidade da realidade.
Em termos de atuação, o elenco entrega performances sólidas, especialmente os protagonistas, que conseguem transmitir a complexidade moral de seus personagens: o conflito entre sobrevivência, egoísmo e compaixão.
"A Mais das Preciosas Cargas" é um filme que desafia o espectador a lidar com sentimentos contraditórios. Não é uma obra confortável, mas, talvez por isso mesmo, merece ser vista e debatida.
Crítica: Carlos Vilaça
NOTA: 4.4/5
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