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[crítica] nosferatu 2024

  • Foto do escritor: Carlos Vilaça
    Carlos Vilaça
  • 30 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

Divulgação: Universal Pictures.
Divulgação: Universal Pictures.

O clássico do cinema mudo Nosferatu (1922), de F. W. Murnau, ganha nova vida em 2024 pelas mãos do diretor Robert Eggers, conhecido por seu estilo singular em filmes como A Bruxa e O Farol. Eggers, que tem um talento especial para criar atmosferas opressivas e detalhistas, entrega uma releitura que combina fidelidade à obra original com uma profundidade narrativa inédita. O resultado é uma experiência cinematográfica que consegue ser tanto um tributo quanto uma obra autônoma.


Nesta nova versão, o icônico Conde Orlok é interpretado por Bill Skarsgård, que oferece uma performance assombrosa e cheia de nuances. Skarsgård equilibra magistralmente o grotesco e o patético, transformando o vampiro em um símbolo da decadência e do desejo insaciável, interessante que aqui o personagem tem uma imersão profunda a essa decadência e o ator entrega com maestria trejeitos e um sotaque maravilhosamente perfeito, o que dificilmente conseguimos ver o ator por trás dessa atuação. Lily-Rose Depp, como Ellen, se destaca em um papel que vai além da donzela em perigo tradicional. Sua personagem é complexa, com motivações claras e uma coragem silenciosa que sustenta boa parte da narrativa emocional do filme. A mesma traz uma roupagem nova a narrativa e representa a essência do gótico, do delicado e também do feminismo.


Visualmente, Eggers demonstra seu domínio absoluto do horror gótico. A fotografia é impressionante, com sombras que parecem vivas e iluminação que cria um constante contraste entre luz e escuridão, refletindo os conflitos dos próprios personagens. A direção de arte transporta o público para um cenário europeu do século XIX, com um cuidado quase obsessivo aos detalhes. Cada quadro do filme parece uma pintura viva, carregada de significado e melancolia.

A trilha sonora de Mark Korven complementa a estética visual com uma mistura de tensão e beleza etérea. Os sons diegéticos, como o vento e passos ecoando em corredores vazios, são usados de maneira magistral para aumentar o desconforto do público.


O diretor não apenas recria o terror do original, mas aprofunda a psicologia dos personagens e amplia os temas do isolamento, da obsessão e da destrutividade do poder. O roteiro adiciona novos elementos à mitologia de Orlok, como flashes de seu passado e reflexões sobre a eternidade, o que pode dividir opiniões. Embora alguns puristas possam considerar essas adições desnecessárias, elas enriquecem a história sem comprometer sua essência.


O ritmo deliberado pode não agradar espectadores que buscam sustos fáceis ou ação frenética. Eggers aposta na construção lenta de suspense e no horror psicológico, criando um sentimento de desconforto crescente que explode em um clímax de pura tragédia. O que ao meu ver em alguns momentos dá se a sensação de alongamento na trama, o que se torna um pouco cansativo.


Nosferatu (2024) é mais do que um remake; é uma reimaginação que celebra a arte do cinema enquanto explora questões universais que transcendem o tempo. Eggers transforma a obra original em algo contemporâneo e, ao mesmo tempo, atemporal. Para fãs do gênero e do cinema autoral, este filme é indispensável.

Crítica: Carlos Vilaça

NOTA: 4,6/5

 
 
 

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